Criado em 1º de janeiro de 2015.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

"Departamento de Recursos Humanos" e "Departamento de Pessoal"

DP e DRH - aparentemente semelhantes,
mas diferentes na prática.
  




O DP e o DRH 
tem alguns pontos em comum
e muitos que são específicos
de cada um dos dois setores.

Somente a experiência vivida nos ensina certas coisas. Por exemplo: muita gente acredita que nós, brasileiros, não precisamos estudar espanhol para nos relacionarmos com pessoas oriundas de países onde o espanhol é o idioma oficial. No entanto, quem aprende a realmente dominar o idioma espanhol como eu aprendi aprende as significativas diferenças existentes entre os dois idiomas. O mesmo acontece nas discussões entre "Departamento de Recursos Humanos" e "Departamento de Pessoal". O curso que eu fiz pela Fundação Getúlio Vargas sobre este tema, somado às  minhas experiências pessoais nas empresas das quais fui funcionário, me ensinou que as diferenças entre as duas coisas são muitas.
Muita gente diz "Departamento Pessoal". Neste caso, entra em discussão o que se refere à gramática. Quando eu digo "uma coisa pessoal", isto é o mesmo que "uma coisa individual", algo relacionado a "uma pessoa". Quando me refiro a algo relacionado a várias pessoas, devo dizer "uma coisa de (ou do) pessoal", pois neste caso a palavra "pessoal" perde o significado de "individual" e ganha o significado de "coletivo", representando um conjunto de pessoas. Como o departamento se refere a interesses de todos os funcionários, a forma correta "Departamento de Pessoal". Também não é "do Pessoal" porque o departamento existe para atender às necessidades de apenas um grupo de pessoas especificadas dentre os funcionários. É "de Pessoal" porque se refere às obrigações e aos direitos de todos os funcionários.
As diferenças entre um departamento de pessoal (DP) e um departamento de recursos humanos (DRH) ocorrem a partir de uma diferença fundamental: o departamento de pessoal se encarrega de tarefas e atividades específicas tais como contratações e rescisões  de contratações de funcionários, pagamento de salários, transportes de funcionários, férias, licenças (inclusive licenças médicas), etc. O departamento de recursos humanos associa habilidades, métodos, técnicas e práticas de administração dos comportamentos internos dos funcionários considerando-os como o capital humano da organização.
A maioria das micro e pequenas empresas não tem departamentos de pessoal porque nestes casos as atividades relativas a esse setor ficam podem ser assumidas por um contabilista, que também pode ser um funcionário da empresa ou um profissional que presta serviços terceirizados. Nas médias e grandes empresas, o departamento de pessoal existe porque suas tarefas se tornam mais difíceis de serem executadas por apenas um contabilista. Em algumas, o departamento de pessoal já foi substituído pelo de recursos humanos. Em outros, os dois coexistem e se unem num sistema de colaboração mútua chamado "gestão de pessoas".
Alguns conceitos dizem que "Recursos Humanos" e "Gestão de Pessoas" são a mesma coisa, mas na prática não é bem assim. Isto se torna claro quando se verifica a separação dos dois departamentos em algumas empresas de grande porte, com cada um deles tratando de assuntos específicos. Isto mostra nitidamente uma divisão dentro da administração de pessoal. Nestes casos, o conceito de "Gestão de Pessoas" como um ponto colaborativo entre ambos deixa de ser uma realidade. 
Há situações em que podem ocorrer subdivisões dentro do próprio departamento de pessoal. Neste caso, cada funcionário do departamento (não da empresa) se torna responsável pelo desenvolvimento de determinadas obrigações para que todo o departamento obtenha uma meta final. No entanto, isto cria uma responsabilidade de alto risco para cada funcionário: um "errinho" cometido por apenas um deles (por exemplo: num texto digitado, uma vírgula colocada no lugar errado) pode fazer com que a meta necessária não ocorra. 
Para evitar problemas que possam ser causados por erros que pareçam ser tão "pequenos", o mais importante é que haja estratégias bem claras e bem definidas, sustentadas por uma administração - ou "gestão" - participativa voltada para a obtenção de melhores resultados internos e externos. Isto inclui recrutamento e seleção de pessoal, políticas de gestão de recursos humanos, treinamento e desenvolvimento de pessoas e avaliação e melhorias, estando a administração dessas tarefas a cargo do setor de recursos humanos. Ao departamento de pessoal cabe a admissão de pessoal (que não deve ser confundida com "recrutamento" nem com "seleção"), a compensação de pessoal (controle de frequência, pagamento de salários e benefícios, etc.) e o desligamento de pessoal (demissões voluntárias ou não, respeitando o que dizem o contratos e as leis trabalhistas).

Observação importante para pessoas que usam redes sociais online:

No parágrafo anterior, está frisado que a gestão de pessoas de qualquer organização (órgão público, empresa privada, empresa estatal, etc.) precisa visar melhores resultados internos e externos. Isto significa que o comportamento de cada pessoa, seja dentro ou fora das obrigações pessoais relacionadas ao trabalho, é de grande importância para a organização para a qual ela trabalha. Muitas pessoas pensam que o que um funcionário faz fora da empresa, de horário de trabalho, etc., não diz respeito aos interesses da empresa ou seja lá qual for o tipo de organização para a qual ele trabalha. A realidade, no entanto, é bem diferente disto.
Se uma pessoa está numa festa e consome mais bebida alcoólica mais do que devia, há sempre o risco de ser reconhecida por alguém que comentará a outra pessoa: "ela trabalha na empresa tal ou no órgão tal". Ou seja: esteja em seu local de trabalho ou onde estiver, sempre haverá o risco da pessoa ser interpretada como um espelho da imagem da organização para a qual ela trabalha. Obviamente nenhuma organização quer correr tal risco. Na presença dela, dirão que não tem nada demais, que isto acontece com qualquer pessoa de vez em quando, mas na ausência a história é outra. A questão, neste caso, não é se importar ou não com o que as pessoas dirão. Ao contratar funcionários, a organização não está contratando apenas pessoas que trabalharão para ela; está contratando pessoas que, queiram ou não, representarão as imagens de si mesmas e da organização dentro e fora dela.
O mesmo alerta deve ser dado a pessoas que pensam que podem postar o que quiserem ou como quiserem numa rede social como o Facebook, o Twitter, etc. É preciso ter um cuidado extremo, principalmente com algo que represente imagens (fotografias, vídeos, etc.) e com o "linguajar" utilizado nas postagens e comentários e todas as formas pelas quais você se relaciona com as pessoas. Isto nada tem a ver com o direito à liberdade para fazer o que quiser. Significa apenas que o bom senso sempre deve prevalecer, e que o que pode ser evitado deve ser evitado e não tem razão para não ser evitado.


Ilustração: Arquivo Google. 

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